sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Turma do Gabi na Amazônia - Literatura

Autor: Moacir Torres

Faltavam ainda alguns dias para o feriado prolongado que começaria na quinta e ia até o domingo, e o Gabi já estava fazendo planos de onde iriam passar esses dias. Então chegando em casa, Gabi e Geninha esperaram o pai chegar do trabalho e deram uma sugestão para ele. Como sempre iam pro sítio do primo Lorenço nas férias, que tal aproveitar o feriadão e conhecer um pouco a Amazônia? Senhor Seixas achou legal a sugestão dos filhos e resolveram que iriam conhecer a Amazônia. Por coincidência o pai do Serginho Bacana, o melhor amigo de escola do Gabi tinha um rancho próximo a cidade de Parintins, localizada naquela localidade. Então os pais de Bacana cederam o rancho e autorizaram que o filho fosse junto com eles. Passaram alguns dias e chegou a hora da viagem e o senhor Seixas já estava com o porta malas de seu carro tão cheio, que não cabia mais nada. – Vamos embora pessoal! Dizia ele feliz. Todos entraram no carro e saíram em viagem para Parintins, na Amazônia.
A viagem seria longa, várias horas até chegarem ao destino final. A turminha cantava, faziam uma folia no banco traseiro do veículo, enquanto o pai dirigia com atenção redobrada, pois a estrada era perigosa, e nos feriados prolongados geralmente aconteciam muitos acidentes por aqueles lados. É claro que ele não queria que nada acontecesse a sua família e ao convidado. Todos devem estar dizendo – E o cãozinho Fred não foi nessa viagem? Errado, ele tanto foi, que estava fazendo a maior bagunça com a garotada.
Logo adiante senhor Seixas parou para abastecer e fazer uma rápida revisão no carro, para depois seguir a viagem tranqüila. Dona Gê e as crianças foram ao restaurante comer alguma coisa. Meia hora depois já estavam todos prontos para retornarem para a estrada.
Mais duas horas e eles estariam em Parintins, pequena cidade amazonense, onde todos os anos acontecem a Festa dos Bois Garantido e Caprichoso. – Olha lá, a cidade, deve ser Parintins! Disse Gabi todo feliz. Chegando à cidadela, pararam em uma linda praça e foram conhecê-la melhor. Tudo era enfeitado com motivos referentes à festa dos bois.
Então o pai deles se informou com um senhor, como faria para chegar até o rancho. O bom velhinho então lhe ensinou o trajeto, era bem próximo dali, a beira de um grande rio. Então todos foram para a estrada novamente. Uns vinte minutos de viagem e lá estavam eles ao lado do rancho. –Meu Deus! Gritou Geninha. – Nós vamos ficar aqui.
-Claro! Disse o irmão Gabi. –É um rancho simples, mas uma boa limpeza e ele ficará aconchegante, então todos ao trabalho! A garotada juntamente com seus pais colocou a mão na massa e deixaram o rancho limpinho e bem arejado em pouco tempo.
Já estava chegando à noitinha, e por lá não havia energia elétrica, tinham que acender lamparinas e lampiões. Dona Gê foi logo fazendo uma gostosa refeição pra todos, pois eles estavam mortos de fome da longa viagem e da trabalhada na limpeza do rancho. Todos sentaram ao redor da grande mesa e comeram como nunca. Depois todos foram dormir em pequenos colchões e redes que tinham levado. O cãozinho Fred foi o único que não se recolheu e saiu pra fora do rancho farejando algo. De repente! Vruummm! Uma coruja deu um vôo rasante sobre ele, e o danado do vira-lata saiu em disparada e entrou para dentro latindo assustado. Então Seixas pegou o lampião e saiu pra ver o que era, e viu uma coruja sentada na cerca que fechava o rancho. Entrou e disse: - Vamos todos dormir, foi só uma coruja que assustou o peralta do Fred!
Amanheceu o dia e todos estavam felizes por estarem ali num pedacinho da Amazônia, era um passeio bem diferente de todos que eles já haviam feito. Gabi tinha tanta vontade de conhecer a floresta “amazônica”, pois seu herói preferido, o Papo Amarelo, era um defensor da Amazônia. Ele já tinha visto nos gibis em quadrinhos e em livros algumas aventuras. Serginho Bacana falava para o amigo Gabi: - Já pensou se ele fosse de verdade e aparecesse por aqui, ia ser o máximo! Deixa de onda Bacana, é só história, imaginação do escritor! Dizia Geninha. Gabi convidou Bacana, Geninha e Fred para irem conhecer o rio que passava ao lado do rancho. Chegando lá eles viram uma canoa na margem, Gabi foi logo falando: - Vamos dar uma voltinha por aí nessa canoa? Todos concordaram e lá foram eles, enquanto Serginho Bacana a empurrava para dentro da água. Quando eles estavam a uns cinqüenta metros da margem do rio, avistaram um enorme jacaré que vinha na direção da canoa. Todos ficaram assustados e começaram a gritar pelos seus pais. Senhor Seixas e Dona Gê correram até a margem, mas pouco podiam fazer a não ser gritar por socorro! A canoa descia desgovernada rio abaixo, até que surge do nada uma lancha enorme com pintura camuflada de verde, e dentro dela Papo Amarelo, o herói de quem a turminha do gabi era fã. Então ele colocou as crianças e o cãozinho na lancha e subiu rio acima, deixando todos no lugar de onde saíram, e sem o consentimento dos pais. Antes de partir o herói ainda disse: - Este lugar é muito lindo, mas tomem cuidado com seus filhos, pois a selva é traiçoeira e esconde diversos perigos para quem ainda não conhece a região.
Ele subiu na lancha e desceu rio abaixo. Todos entre olharam espantados: - Será que é o Papo Amarelo, acho que estamos sonhando acordados! Dizia o Gabi. Depois de levarem uma bronca dos pais, todos voltaram para o rancho para se alimentarem e tomarem um pouco de suco de maracujá para se acalmarem.
Eles ficaram por ali uns três dias, pescaram, nadaram, colheram frutos da mata e se divertiram a valer. Já estava chegando à hora da volta, todos ajudaram a carregar as coisas até o carro. Pouco depois Senhor Seixas acelerou o automóvel para apressar o pessoal. Todos entraram e o carro saiu vagarosamente pela estradinha que ia para a rodovia. Todos olhavam para os lados até que Gabi gritou: - Pare o carro, pai! Olha quem está sobre aquela árvore! Então ele parou o carro, olhou para cima e viu o Papo Amarelo acenando com as mãos. Todos acenaram e ele sumiu por entre as árvores. – Nossa! Se eu contar isso pros meus amigos de trabalho, eles vão falar que eu ando lendo muitas histórias de heróis! Todos começaram a rir, até o vira-lata Fred começou a latir.
A viagem de volta continuou, estava mais tranqüila, pois as crianças estavam mais quietas, dormiam mais do que brincavam.
Depois de várias horas na estrada, chegaram a sua cidade. – Bom pessoal! Estamos em casa, graças a Deus correu tudo bem, tanto na ida quanto na volta!
Na segunda-feira Gabi, Geninha e Bacana estavam quietos na escola, não falavam nada sobre a viagem, até que um dos amiguinhos perguntou para o Gabi: - E aí Gabi, você não tem nenhuma história pra nos contar sobre a viagem que você fez com seus pais até a Amazônia? Então o Gabi rompeu o silêncio e disse: - Bom pessoal, na Amazônia nós conhecemos o Papo Amarelo! Todos ficaram quietos. De repente foi uma gargalhada só... Eles riram porque achavam que o Gabi e seus amigos estavam inventando tudo.

FIM